quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Os Diários de Um Auto-TMO: Introdução

Depois de dias de espera e ansiedade, sem datas nem horários precisos, finalmente chegou a hora de começar o ritual pré-auto-transplante. Pra quem não sabe, eu mesma vou me doar uma medula nova, porque essa aqui tá falhando, então melhor deixá-la ir. Então, no dia anterior demorei um bocado pra dormir, mas finalmente consegui. Eu precisava de descanso pra encarar o dia que teria pela frente.


Acordei na hora exata, sem precisar de despertador. Tomei meu banho e fui tentar tomar um café. Digo tentar porque apetite era a única coisa que eu não tinha. Mas eu precisava de pelo menos alguma coisa com sustância, então me esforcei. No caminho, pelo trânsito sem hora de São Paulo, fiquei feliz em relebrar da vida que existe nas ruas, já que tenho que ficar em isolamento em casa durante esse período de baixa imunidade. Melhor não dar sopa pro tal do azar. O sol estava forte, o que acabou me deixando meio molenga, já que não me dou muito bem com temperaturas elevadas. O hospital fica longe daqui de casa, então o caminho foi longo. Mas sem maiores dificuldades, conseguimos chegar, até meia hora mais cedo do que o agendado.


Não demorou muito e meu médico apareceu lá na sala de espera, me avisando que iam preparar um box pra me aplicarem a quimio (lá no hospital é tipo uma míni-salinha, onde tem uma poltrona reclinável pro paciente, uns cabides de soro onde ficam as quimios, uma cadeira pro acompanhante e uma tvzinha de plasma pra lá de simpática). No começa, tudo uma maravilha, um sorinho e um remedinho pra estômago, que tava reclamando sem trégua desde o começo do dia. Papinho com o médico e com a nutricionista, escolher o lanchinho que o hospital ia dar e via.


Passado um bom tempo, eis que chega a temida bateria de medicamentos, uma baita trouxa de soro (rs) que as enfermeiras já me alertaram ser uma dose e tanto de veneninhos. Como eu costumo fazer, sem pensar muito, encarei. No começo tudo bem, inclusive o lanchinho havia chegado, me diverti. Vi uma novelinha da tarde, dei uma olhada no treino da selecinha, depois coloquei um rock nos ouvidos, pra relaxar.


De repente, parecia que eu não era mais a mesma. Comecei a sentir uma fraqueza que eu nunca havia sentido em todos esses meses (mais de 1 ano) de "prática quimioterápica". Abrir os olhos tava difícil, e não era sono. Levantar o celular então, pfff. Sei que a coisa foi ficando feia, bem feia, até o momento em que, de uma hora pra outra, sem nem me dar chance pra avisar ninguém... Adeus lanchinho que eu havia comido. Voltou tudinho... Mas olha que depois me senti bem melhor! Mesmo com o Dramin na veia, pessoa nem dopou-se, praticamente... E faltava pouco pra almofadinha de tóxicos murchar completamente...


Fim dos venenos, mais uma bisnaguinha de soro e meu "até breve". Cochilando no caminho de volta, mas de vez em quando, conseguindo admirar minha cidade amada e iluminada de noite (sim sim, saí do hospital só de noite!). A fonte do Ibirapuera, o Obelisco, o Deixa-Que-Eu-Empurro... Enfim, como tá lindo. E cheguei em casa morrendo de vontade de jantar, acreditem.


Minha mãe fez uma bela lentilhazinha, com arroz, bifinho à milanesa, batata e salada. Ok, só a batata e meia salada entrou. Ainda fiquei um tempinho aqui no msn com minhas amigas lindas que eu não vivo mais sem, mas não tive forças pras nossas noitadas de sempre. Logo me deitei e, de repente... Voltei a passar mal. Um enjôo forte, que incomodava de todas as maneiras, trazendo dor de cabeça, taquicardia, e o que é pior, parecia que o estômago só queria me torturar e não ia me aliviar em devolver a comida nem a porrada. Tava passando "O Fantasma da Ópera" na TV, aí fui tentar relaxar um pouco, mas foi em vão. Levantei na febre, disposta a tirar tudo de ruim de dentro de mim. Consegui, e não foi fraco não. Em compensação, tudo de ruim foi embora e finalmente, depois de uma balinha de doce de leite (eu e minhas particularidades), consegui descansar.


Pois é, não foi um dia fácil. Mas eu encarei. Juntei todas as minhas forças, pedi muito mais pra Deus, e ainda bem que foi suficiente. Cheguei a me perguntar várias vezes o quanto mais eu seria capaz de aguentar, mas logo tirei isso da cabeça e pensei em uma coisa só: Ou cê aguenta, ou ce aguenta, criatura!!



E esse foi extra-oficialmente só o começo da reta final... E così via! \o/

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Parafuso!

Galere, que confusão mental. A cada dia penso um monte de coisas. Em dar uma repaginada no meu quarto, comprar um armário, planejar minha viagem, aprender a dirigir... E tudo isso sempre me lembrando que eu ainda tenho uma puta barreira pra transpôr, que é resgatar minha vida de volta!

Minha vida de volta... Quantas pessoas nesse mundo será que já se imaginaram tendo que lutar pela vida? Sério, eu nunca fui uma delas, até que fui obrigada a encarar o desafio. Posso dizer que tenho ido bem, com a força imensurável de Deus e com o apoio incondicional da minha família, e mais o que me sobra de força depois de tomar umas garrafadas de químicos tóxicos, hehe...

Hoje tomei a última dose do último ciclo de quimioterapia. Tá bom que durante a infusão eu só consegui dormir, e depois também, e aquelas coisas que o Benadryl faz comigo... Mas antes fui pensando, sentindo o sol no meu rosto... Pensando que realmente, finalmente e felizmente, seria meu último cochilo naquela poltrona da sala de químio do Dr Chefe (a.k.a. meu oncologista desde sempre. O chique tá fazendo um curso com professores de Harward, achay fino!). Sei lá, pensei nisso, e acontece que eu tenho planos, um monte deles, pro dia em que eu tiver minha vida normal de volta, mas não consigo nem imaginar como vai ser essa próxima fase pela qual eu vou passar... Tá, vou coletar células, estimular medula, tomar mais químios, receber as células de volta e esperar até que a minha bela e morena medula faça a parte dela. Simples, e podem crer, se vale a vida, é simples mesmo e eu encaro!

Não posso dizer que o medo passou por completo, mas em grande parte eu o superei. Dei uma boa reforçada na minha fé e consegui um pouco de conforto pra alma. Toda noite antes de dormir converso com Deus e peço luz e força pra superar o presente momento, e pra nunca fraquejar diante Dele e das pessoas que estão comigo. Esse hábito tem me ajudado demais; diante de Papai do Céu eu não reprimo mais lágrimas, nem tenho vergonha de assumir meus temores, aí Ele me ouve e me enche de tranquilidade pra dormir e encarar mais um dia pela minha vida quando eu acordar!

Agora é me concentrar na bateria de exames que eu tenho pela frente, e pensar em como transformar minha estadia no hospital em um momento de onde eu só vou tirar coisas boas (mesmo com um catéter pendurado no pescoço, mas to aqui imaginando como vai ser engraçada a minha desenvoltura com o novo acessório!). O que eu sei é que vou levar livros, instalei um emulador de Atari no meu notebook, tem internet e tv de plasma no quarto, eu vou ter dentista e nutricionista me acompanhando, vou poder brincar com as máscaras que minha mãe comprou (nada de gripe suína, viva!)... Eeeeita vida de Nababo, que venha tão rápido quanto eu sei que vai passar!! o//

Ceis vêem como é estranho? De vez em quando eu tenho esses surtos de Pollyanna, de vez em quando eu to mais reflexiva... Mas o tempo todo de careca erguida! Aliás, importante saber que "parte do" meu cabelo já tá crescendo. Sim, eu digo "parte do" porque realmente é só um pouco... Ao olhar no espelho, me lembro de algo como um avestruz. Mesmo não comendo como tal. E mesmo engordando como se comesse como tal. Ah sim, o processo de engorda demorou mas começou. Mas vai ser tão fácil perder depois que, quanto à isso, nem to dando trela.

Como vocês podem ter percebido, minha cabeça tá um combinado de idéias doidas que mal se conectam. Mas é bom ter um canto pra desabafar, pra dizer tudo ou dizer poha nenhuma, mas enfim, pra se manifestar! Essa é uma fase difícil e maluca, onde nada nessa minha cabeçona vai funcionar lá muito bem. Mas é temporário. A Luana logo volta. Melhor dizendo, renasce, uma pessoa bem melhor, sem ressentimento de nada, sem nenhuma amargura ou ódio. Simplesmente disposta a agarrar uma chance de Deus e começar de novo. E fazer direito dessa vez!!


Em tempo: comprei um peep-toe preto de cetim, salto alto, com uma rosa do mesmo cetim e da mesma cor em cima. Ai ai ai coisa mais linda, foi colocar no pé em plena loja pra sentir as lágrimas de emoção nos olhos! I'M BACK, BABE! ;p

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Válvula de escape

Tem quase três meses que eu não posto aqui. A razão é simples: contrariando minhas esperanças, eu não havia me curado do linfoma. E, além de tudo, ele se infiltrou no pulmão direito. Saí novamente de licença no trabalho, voltei pras químios, amanhã termino o último dia do terceiro de quatro ciclos do protocolo ICE. E logo em seguida, parto pro procedimento que eu mais tô temendo: um transplante de medula autólogo (a.k.a. eu serei minha própria doadora). Já estou pensando nos hospitais que terei de alternativa, afinal serão de 20 a 30 dias internada, com todos os procedimentos e cuidados VIP que eu quero (e preciso, tá bom vai).

Meu médico (Dr Waldec Jorge) e sua equipe são anjos na minha vida, que o tempo todo cuidaram perfeitamente de mim, queria alugá-los por esses vinte-e-poucos dias comigo lá no hospital... rs Mas como eu, tem tantos outros pacientes que precisam muito deles, e eu novamente estarei em ótimas mãos onde eu decidir me internar.

Medo? Sim, coisa de doido, meio neurótico, inclusive ainda nem conversei com a psicóloga sobre isso (ok me batam), mas maior que o meu medo é a minha fé em Deus, e a segurança de que é só mais uma fase do tratamento, pra consolidar a minha cura e mandar de uma vez essas células más, muito más, pra casa do... CHAPÉU =D, lá de onde elas vieram! Pooo, eu tenho muito o que viver, fazer coisas boas, estudar, trabalhar, viajar, deixar herdeiros... Uffa, vou precisar de tempo (eterna reclamação de um ser humano)!

Aliás, falando em chapéus, eu to careca (sim, Abreu recebeu meus cabelos com muito carinho), mais gata que o Ko-Jac e mais afinada que a Shinead O'Connor em "Nothing Compares to You". E com uma nova coleção de lenços, totalmente personalizados, coff. Posso dizer que, pelo menos maquiada, eu até que fico gata, viu! =p

Vai ser assim, passarei por aqui aleatoriamente, ainda acreditando que escrever é uma ótima válvula de escape (e falar com a psicóloga também, ok Luana se coça logo com isso, beijos). Mas só quando eu sentir a necessidade de FALAR, não de atualizar meu blog. Ah, e "meus sapatos" continuam, enquanto eu tiver o dom de comprá-los, calçá-los e desfilá-los (???) por aí. ;DD

Fui fui por enquanto. Beijozzz!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Minha nada mole vida

Sono descomunal, 7 doses de café (compreensível, antes da sexta veio o resto da semana), 1/2 cantada do motorista da lotação, uma aliança dourada na mão direita dele (classe A, B, C, não importa, eles compartilham os mesmos procedimentos), 20 minutos esperando um metrô, 1h30 assistindo um programa da NatGeo sobre os mistérios da genética numa gravidez de gêmeos.




O resumo da minha semana é super básico. Virei a rainha dos relatórios de resultados e quando chego, fico sabendo pela minha chefe que tá todo mundo, como ela diz "querendo usar o meu corpinho" naquela área. Tive um treinamento tão bom que descobri que sou capaz de dormir com os olhos abertos. E la nave va...




Tava pensando em me viciar na nova novela das 19h, mas ninguém mais, ninguém menos do que Henri Castelli fará parte do elenco. Abort Mission. Claro, mas é claro, o homem é lindo, divino, pelo amor da maricotinha viúva e tal... Por mim, passo 24h do meu dia só olhando aquele tudinho moldado pelo Divino... DEEESDE QUE ele não faça cara de sério. Putz, juro, se ele fecha a cara, automaticamente me vem à mente a cara do meu equivalente emocional à quebra da bolsa de NY em 1929 (o defini assim mil vezes, mas eu adoro dizer isso, não tem definição melhor!)... Aquele maldito olhar, o jeito como fica a boca, pizzaquepariu, decidi por não passar nem perto da TV nesse horário. Já pedi pra minha mãe avaliar possíveis esconderijos secretos eficazes pro controle remoto.



Vale a pena mencionar que, na quarta-feira, o colírio oficial n° 2 daquela empresa apareceu como sempre belo, de terno, gravata, posudo... Mancando e com o pé engessado. Segue a prosa:


Chefe: -Ihhh eu acho que alguém tá precisando de uma muleta...
Eu, estendendo a mão: -Prazer, muleta!


Às vezes eu me questiono acerca dos critérios dela pra me manter trabalhando a seu lado. Mas prefiro não cogitar nada e continuar presente na folha de ponto, simplesmente.



Quanto ao meu novo objetivo, nenhuma novidade e nenhuma previsão. Esses dias peguei a primeira roupa que vi no armário e fui trabalhar, já que já tinha uns bons dias que ele se encontrava fora do meu campo de visão. Pois bem, adentro muxibentamente o hall do elevador e ele é a primeira pessoa que eu vejo naquela empresa de milhares. Ponto pra mim no placar geral. Ontem, depois que peguei minha comida e paguei, percebi que ele estava lá. Com o terno pendurado na cadeira pra que pudesse comer. Merda, ele tem etiqueta e educação, isso não ajuda se eu quiser deixar ele pra lá... Levantou, vestiu o terno (PQP) e passou. Só que eu sou cega e tava sem óculos, preferi nem lançar meu olhar de ajuste o foco. E ficou por isso. Hoje, era a mesma calça marrom de toda sexta feira. Pelo menos na sexta feira, eu posso procurar por algo específico...



Mais um diálogo corporativo:


Eu: -Você conhece o chefe do Planejamento do xananã?
Amiga da outra área: -Não conheço, e se vir na minha frente, quebro ao meio! Por que?
Eu: -Preciso de alguém que o conheça pra nos apresentar.
Amiga da outra área: -Que é isso, galera quer mais é ver a caveira desse cara aqui!
Eu: -Ah, que nada! De repente, eu posso usar o corpinho dele a seu favor...
Amiga da outra área: -Como assim?
Eu: -Chantagem!
Amiga da outra área: -Aí podemos pensar melhor. Quando me apresento?


A gente conversa, a gente se entende.



Estou precisada de que o mundo acabe em barranco pra eu morrer encostada. Qualquer informação que eu tenha esquecido, complemento num futuro breve. E beijos do alto da minha vidinha sem graça.

sábado, 21 de março de 2009

São as pequenas coisas...

Muito sono, 3 doses de café preto (melhorando), 2 cantadas do motorista da lotação (pelo menos ele chega a ser bonitinho), 4 funções no mesmo horário, 1 treinamento cancelado, 1 dark chocolate. [/Bridget Jones off**]


Eu não ia mencionar que estou há 8 HORAS reconfigurando meu notebook, mas to com dor de cabeça e preciso desabafar. Óquei.

Tenho tido dias meio cheios. Fiz o exame manicomial (eletroneuromiografia) pra saber que não tenho nada. Pelo menos um remedinho o homem dos nervos (neurologista) me passou. E eu não fiquei roxa dessa vez. Da última vez me perguntaram o que eram aqueles hematomas nos meus braços, e eu do alto da minha paciência respondi que tinha brigado com meu marido, Evander Holyfield. (y)



Da séria série Conversas Produtivas Com a Chefa:

- Eu não entendo Lu, como você pode estar interessada num cara que usa a mesma calça marrom toda casual friday...
- Chefa, perceba que, no caso específico dele, são perdoáveis todos os defeitos...
- Até aquelas planilhas incríveis de porcentagens de aderência que ele coloca no Voz Ativa?
- Ok, quase tudo. (Procuro algum livro ou artigo que explique como lidar com homens metódicos, quem escrever ou encontrar, favor entrar em contato, beijões.)
- Mas aquela calça... Toda sexta feira?
- Chefe minha, acho que esse é o momento de eu demonstrar o quanto eu amo essa nossa liberdade de comunicação. Devo dizer que o que me interessa alí está "além da calça", capisce?
- (muitas risadas) Por isso que você é MINHA assistente!
- Sempre às ordens, amore!


E fora isso, tudo ótimo sem considerar o fato de que ele chegou e eu fiquei olhando que nem uma imbecil, e ele deve ter ficado com medo. Parabéns Luana, ficou a dica!



Chegando em casa, meu papagaio me perguntou como havia sido meu dia, e eu fui obrigada a dizer. A reação dele não teria sido mais óbvia: ele riu. Até tu, Brutus.

domingo, 15 de março de 2009

Resoluções atrasadas para um ano que já começou

- Somente pagarei o valor total das faturas do meu cartão de crédito. Juro por juro, ainda to preferindo o do cheque especial.

- Nunca mais acreditarei em cartomantes. Prefiro a sorte do Orkut.

- Não gastarei mais os tubos em sapatos. Tá, no máximo um tubo por sapato. (não dá gente, é mais forte do que eu)

- Desviciarei em Mentos. (vai ter que ser aos poucos)

- Líquidos durante as refeições, só socialmente.

- Não mais chorarei o péssimo desempenho do meu time (já fiz muito isso esse ano, prometo me esforçar).

- Usarei uma maquiagem decente pra ir trabalhar. (tá vendo, a empresa poderia ser RAZOÁVEL e me deixar trabalhar de óculos escuros =])




- Me estressar menos com o metrô. (HA-HA-HA)

- Ou quem sabe, providenciar um fretado. (bois voam)

- Não vou gostar de nenhum cara como aconteceu ano passado. E fazer o possível pra manter a memória dele bem longe. (essa foi triste, mas abafem)

- Voltarei a comer carne e feijão. (é, acabaram as resoluções mesmo)

- Farei posts mais aprazíveis de se ler. (aguardem e confiem)

terça-feira, 3 de março de 2009

O Diário de Luana Jones

Eu comprei O Diário de Bridget Jones versão de bolso (acho chique) e é o que tem amenizado meu stress de guerra no metrô. Aliás, tenho reparado que, no caso desse livro, a arte imita a vida. Nossa, mulher é uma merda, dá importância pra cada coisa na vida, eu chamo de detalhes invisíveis a olho nu, mas pra nós eles são gigantes e todo mundo vai perceber. Mas vou fazer o que, tá no XX, já que não nasci XY. ¬¬


Hoje no trabalho, ironicamente fiquei correndo pra lá e pra cá cuidando de "férias". Meu peep-toe rosa salto 6 fica muito feliz em ser útil. Descobri que todos querem trocar suas férias com as minhas, por causa do período em que elas caem. Mas eu não quero trocar com ninguém. Eu nem sou tão ruim assim, mas se não for NOVEMBRO, não tem negócio.


Odeio sair pra almoçar ao meio-dia, horário em que o pessoal tá se matando por um espacinho no self-service, mas hoje fui praticamente cuspida da minha mesa bem por volta desse horário. Se ajeita aqui, pega um pepinozinho alí, um franguinho e umas batatinhas acolá... Finalmente meu pratinho. Olha em volta... Puta que pariu a mãe do Claudio Ranieri, vou comer em pé! (y) Charmosamente rodopiando em cima dos meus já mencionados sapatos e elegantemente trajada em uma camisa rosa antigo, fui vista. Sim, senhoras e senhores, eu não tinha reparado numa mesa com uma cadeira vaga logo à minha frente... "Oi moça, pode sentar aqui!", pessoal gentil. E o mais engraçado de tudo, era uma mesa com 8 homens. Os 8 gestores em treinamento do "outro lado da força", sendo 2 argentinos. Deu pra contabilizar, né? Bom, o importante é que desse almoço eu pude tirar uma grande lição. Que homem quando se junta só fala merda? Ah essa é velha, e mulher também. O negócio foi que fui introduzida na arte de encher a boca de comida pra não dar nenhum pio. Você come que nem uma louca desenfreada, mas fica quietinha e ainda passa por fina e bem educada por não falar de boca cheia. De modos que terminei meu almoço, agradeci o espaço e saí de fininho. E eles continuaram lá. Ah, esqueci de dizer: eles estavam tomando só um cafezinho. Depois mulher que fala pelos cotovelos. (y)


Fora isso, voltei correndo pra casa pra ver meu jogo e declarar meu Imposto de Renda, não necessariamente nessa ordem. O problema foi que além de eu saber que depois serei restituída de uma merréca, meu time perdeu de virada. Depressão devidamente afogada na manicure. Pra semana, a francesinha tá mara...


Em breve, resoluções para um novo ano (tô em tempo ainda, acabou de acabar o Carnaval). Kisses in your asses. =**

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Meu dia cheio...

10h - Acabo de sentar pra trabalhar. Meu horário é às 9h, mas nem a chefa da minha chefa chegou ainda, Hierarquia rulez.


10h36 - A PLR já tá provisionada. To rica! Vai ter festinha da equipe hoje. Oi regime, beijos.


10h45 - Me vejo diante do computador sem ter o que fazer, e continuo relutando em acreditar que esse país só funciona depois do carnaval. Ou melhor, a partir da segunda feira depois do carnaval.


11h32 - A chefe da minha chefe acabou de chegar. E eu já fui duas vezes ao RH entregar folhas de ponto. Meu lindo scarpin vermelho agradece.


11h50 - Eu perdi as contas de quantos bons partidos de terno e gravata acabaram de passar pela minha mesa. O ruim é que nenhum olhou pra mim... (Pelo menos, não que eu tenha reparado, já que estou sendo obrigada a fazer um e-learning sobre Desenvolvimento Pessoal. Se esse povo soubesse a paixão que eu tenho por auto ajuda, JAMAIS me pediria um absurdo desse.)


12h23 - Caindo de sono. Esperando passar um levanta-defunto.


13h21 - Fui arrumar os cacarequinhos da festinha, que começa às 14h (bolinhas de queijo e empadinhas MARA), e passaram os dois levanta-defunto oficiais da empresa. E eu lá. Praga do Egito. >/


13h30 - O levanta-defunto n° 2 voltou e me olhou um pouquinho. E, se eu bem conheço o n° 1, será igual "aquele trem que sai agora às 11 horas": só amanhã de manhã. ¬¬


13h50 - Festinhaaa! \o/


15h - Afff, como eu comi... Regime, fuiadeus.


15h20 - O dia passou incrivelmente rápido. Agora vou pagar minhas contas, porque como diria a filosofia, eu sou pobre mas eu sou limpinha. Eeeeeee, dia cheio, viu...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hora de ser internada!

Estávamos eu e a loira trabalhando, quando cada uma resolve mostrar a foto no portal corporativo dos caras que acham mais gatos na empresa. Uma concordou com o da outra, sem pestanejar.

Hoje voltávamos do almoço e fomos entregar uns papéis pro planejamento RH. No caminho, encontramos o "gato" que a correspondia. Bastante solícito e educado conosco. E inegavelmente lindo. Tudo ótimo, se eu não percebesse que ele é bem o tipo do gato que eu bem queria que eu fosse o meu. O nó na garganta começou a se fazer e eu num esforço sobrehumano pra me controlar.

"Primeiro andar: sapatos, acessórios, lingerie..." - Além de lindo é engraçadinho. Óquei.

De repente, meu nó na garganta se desfez de sopetão e subiu em forma de... Gargalhadas eufóricas! A loira coitada, boiando e rindo, e eu ria mais ainda da risada dela, mas de início preferi alegar a bizarra coincidência, já que não fazia nem vinte minutos que rasgávamos seda para o próprio entre nós!

Logo depois, segue a cena:
"Amiga, sabe do que eu acabei de me tocar?"
"Não, do que?"
" O elevador é panorâmico!"

E mais risos toscos se seguiram, o que chegou a tornar difícil a comunicação entre nós e a encarregada do planejamento RH.

RESUMO DA ÓPERA: Puxando pelo real motivo da minha crise de riso, uma certa pessoa, definitivamente, já tá me pondo doida. Preciso MESMO de um psiquiatra.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Papel e caneta, meus grandes amigos

Estou no trabalho e tenho um monte de coisa pra falar, uma porrada de coisa passando pela minha cabeça, mas hoje estou excepcionalmente sozinha. Tenho que reaprender um monte de coisa aqui, mas hoje, desde a hora em que acordei, percebi que minha cabeça estava em qualquer lugar que não em cima do meu pescoço...


Hoje percebi que estou cansada de ser aquela em quem as pessoas descontam a ignorância e as frustrações da vida. Todo mundo tem uma desculpinha esfarrapada pra virar a mão na minha cara. Aí olho pra dentro (coisa que todo mundo sem exceção devia aprender a fazer) e percebo que o erro também está comigo, por ser trouxa e dar margem pra esse tipo de comportamento da parte dos outros.


A cada dia, venho sentindo a estranheza de não mais trabalhar "no mesmo lugar". Não, não mudei de emprego nem de espaço físico. Mas nunca pensei que fosse estranhar tanto a ausência de alguém. Andar pelos corredores é estranho, a sensação é meio vazia, e a impressão que dá até é que essa pessoa levou junto metade do quadro de funcionários, mesmo essa hipótese sendo bizarra e não ter nem um pouco de verdade. Agora, por alguma espécie de instinto, ando com pressa e sem nem olhar pros lados, isso quando ando por aí. Não sei, talvez eu precise mesmo fazer uma análise. É sério.


E todo dia, aumenta a quantidade de coisas que quero fazer ao mesmo tempo. Estudar, quero viajar, ser promovida/mudar de emprego são só algumas dessas coisas.


Mas como esses dias loucos têm me posto cansada. Tô lutando pra me readaptar, ser menos sensível a certas coisas, menos boba, abrir meu coração pro que é novo e arrumar tempo e dinheiro pra todo o resto...



Isso foi escrito na sexta feira, durante meu horário de trabalho, atrás de uma folha de procedimentos. Não fossem esses meus dois grandes companheiros, o papel e a caneta, por muito pouco eu já teria pirado...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Das minhas panacas particularidades

Hoje fui fazer meu exame de retorno ao trabalho. Foi tudo certinho. Fui (escondida) tomar um suco de laranja, depois me informei a respeito da saída do fretado pro centro. "O próximo sai às 11h15." E ainda eram 10h15. Sentei-me num banquinho de localização centralizada e fiquei esperando. Esperando, remoendo, pensando, me condenando. Comecei a cavucar uma caneta e qualquer pedaço de papel utilizável na minha bolsa, e por fim encontrei. Nada como escrever pra passar o tempo... O problema foi o conteúdo, mas no fim pode ser que seja terapêutico... E inclusive, por menos que pareça e por menos que eu tenha achado, é pra ser engraçado, obrigada.

Luana, larga mão de ser covarde. Seu orgulho manda em você, já percebeu? Por que você ainda se sente assim? Vai sair dessa vida quando? Até quando você vai continuar sofrendo de graça? Olha como você é, essa pessoa nem se lembra da sua existência no mundo, e você fica aí se preocupando. Esquece essa idéia sem sentido de que aí ainda tem coisa pra acontecer e volta pra realidade. Agora só Deus sabe quando você volta aqui. Pega aquela mesma força que você teve pra apagar o telefone da memória do celular e usa de vez em quando. Você não dormiu NADA essa noite, tem necessidade disso? Até onde eu sei, se tem uma coisa que ninguém nunca conseguiu te tirar é teu sono! PQP, olha lá, bem longe, nem te viu, e você aflita pra que continue sem te ver. Olhaí, não tem jeito mesmo... Essa minha jumência emocional me fode! Eu sempre pago muito caro por ela... Faltam 40 minutos pro fretado sair e eu to aqui, olhando em volta, escondida atrás de um enorme par de óculos escuros. Esses sapatos ME MATAM, mas eles são lindos e eu os amo. Tem meia hora pra van sair, tô de saco cheio. Não sei nem mais o que pensar... Tô inconformada comigo por ainda dar importância pra essa merda... Meus pés estão latejando... E isso vai pro blog.

E depois disso, ainda peguei a van errada por que me deram informação errada, tive que comprar uma rasteirinha no meio do caminho porque já estava pálida de dor no pé. Cheguei em casa, tomei banho, comi e dormi. Acordei morrendo de vontade de comer doce. Fiz desaparecer meio pacote de suspiro e ainda dei um tapa no pudim de pão que minha mãe fez. É, e eu achando que já tinha vivido todo tipo de intensidade de sentimento na minha vida...
É como diz a música: used to be so easy...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Falta pouco pra voltar a ser gente...

Hoje fui cedo lá no prédio onde "costumava trabalhar" pra fazer um dos exames de retorno. Tudo fluiu muito bem, desde a travessia da cidade até o próprio exame. Legal foi rever meus amigos de trabalho e ser recebida com tantos carinhos, sorrisos sinceros e abraços apertados. Chega um ponto na vida que a gente esquece a importância que esse tipo de coisa que vem de graça tem... Apertei todo mundo por lá, tava morrendo de saudade mesmo, e conheci minha nova chefa, já amei de cara! Vi que algumas pessoas que também ficaram afastadas por problemas de saúde, já voltaram e estão seguindo muito bem... Deus sabe o quanto eu senti falta desse exercício diário! Agora é só ver a readaptação ao serviço; medo eu não tô não, mas preciso dizer que tô muuuuito¹²³ ansiosa!


Amanhã pela manhã vou fazer o último exame de retorno, esse será no prédio administrativo central, e lá tem uma história meio doida pra mim... Nem vou entrar em detalhes, mas é uma sensação estranha. Eu prometi pra mim mesma que não ia ficar me preocupando, que isso é coisa do passado... Mas eu continuo uma imbecil afetiva, continuo com medo simplesmente de ver, mesmo sabendo que, do outro lado, minha importância é equivalente a zero. Continuo me importando com como eu posso vir a reagir. Já estou reagindo inclusive. É. Palhaça. Você nunca vai aprender, Luana. Morro disso ainda, será? .........................................................


Bom, sigo vivendo e trabalhando. Me comportando como uma panaca, mas aprendendo a rir de mim mesma. Mas, pelo menos até amanhã no horário do almoço, não vou conseguir riso frouxo não... =9

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Derretendo...

Eu me pergunto aqui: pra que um calor desse? Vou dizer assim, na lata pra que:


-> Pras pessoas suarem e ficarem fedidas mais rápida e facilmente, logo no começo do dia;

-> Pra você ficar escorrendo o dia todo, seja onde for;

->Pra você que está gripado de repente lembrar-se de que não pode nem se aproximar de coisas geladas (tópico esse que eu mesma faço questão de burlar, mesmo estando com um vírus que deve já ter ido pra alma, de tanto tempo que está aqui);

-> Pra, no final do dia, as pessoas acumularem a sensação grudenta e o fedor, juntar tudo e se unirem novamente nos coletivos pela cidade à fora;

-> Pra você chegar em casa e querer tomar um banho, mas perceber que a sua caixa d'água esquentou a tal ponto que a água está fervendo, e sair suando em bicas do banho;

-> Pra você demorar pra pegar no sono de tanto calor que sente, e começar mais um dia como esse citado acima.


E não me venham com esse papinho de praia, porque ninguém precisa desse fogo todo pra encarar o mar. Piora ainda, você coberto de sal e areia, fritando embaixo do sol até virar um bagre à milanesa. É pra ser quente? Então que vá tudo pro inferno de uma vez! Sem mais.




Em tempo: O calor também deixa algumas pessoas com um humor de dar medo no tinhoso.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Retrô Ano Velho

Começando aqui meu novo empreendimento com os fatos que marcaram o último ano. São muito poucos, vai dar pra entender por quê...


* Dediquei a maior parte do meu ano inteiro ao tratamento contra o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin (câncer linfático), que tive no começo do ano. Sim crianças, foi serviço completo, quimio e radioterapia. Mas já passou, já me sinto outra pessoa, me permitiu lutar pra ser alguém melhor e ver o mundo de uma outra maneira. Fim.

* Recebi duas vezes nesse ano a visita das amigas mais lindas do mundo que moram pelo Brasil a fora, arrasamos Sampa. Lindas, nos vemos no Carnaval, onde arrasaremos aquela praia lá, ceis sabem qual...

* Gastei uma grana raputenga (vi minha participação nos lucros acenando pra mim distante com um lencinho branco) pra ver o show do Michael Bublé. E foi o melhor show que eu já fui na minha vida. Ele é lindo, cheiroso, engraçado, canta perfeitamente... Só não é completo por que ainda não casou comigo, fikdik!!11111

* Tive um dos melhores aniversários da minha vida, só porque a Juventus ganhou de 2x0 do Real Madrid pela UEFA Champions League, em pleno Bernabéu. Del Piero saindo de campo sendo aplaudido de pé pelos torcedores merengues foi só um plus... ^^

* Como quase fiquei careca por causa do tratamento, coloquei mega hair. É uma experiência que vale a pena, mesmo que o processo de adaptação seja no mínimo estranho.

* Virei o ano de vestidinho branco e florzinha branca no cabelo, coisa que eu JAMAIS faria em outras viradas de ano passadas. E espero seguir o ano assim, com coragem pra arriscar muita coisa nova e boa.


Beijos nos cerebelos, FELIZ ANO NOVO O ANO TODO! \o/
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